quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Inteligências Múltiplas

Inteligências Múltiplas

Rita Foelker

A idéia de definir e mensurar a inteligência tem pouco mais que um século. Começou com Alfred Binet (1), médico francês, que identificou dois tipos de inteligência: a lógico-matemática e a linguística ou verbal.

Desde então, seu modelo foi aceito e considerado para a formação de currículos de todas as escolas do mundo.
Um novo e grande passo na compreensão do que é e como funciona a inteligência somente seria dado por Howard Gardner e sua equipe da Universidade de Harvard quando, nos anos 80, descobriu e propôs que o ser humano teria não uma ou duas, mas várias inteligências, relacionadas a habilidades específicas que iam da montagem de blocos à música, à pintura e ao autoconhecimento.

Acompanhando o desempenho profissional de pessoas que haviam sido alunos fracos ou medíocres, Gardner se surpreende ao verificar que muitos obtiveram sucesso e viviam muito bem, o que não acontecia necessariamente com aqueles que haviam sido estudantes aplicados e tirado boas notas. Questionando o tipo de avaliação feita nas escolas, ele verificou que elas não incluíam capacidades que eram essenciais para a realização e a felicidade das pessoas.
Gardner demonstrou que as demais faculdades, desprezadas pela escola, também são produto de processos mentais. Para ele, inteligência é uma capacidade de resolver problemas e elaborar produtos de valor num ambiente cultural ou comunitário. Ele próprio, na ocasião, identificou sete inteligências, mas como os estudos prosseguem, atualmente utilizamos a seguinte classificação:
Inteligências Múltiplas
Abstrata
Lógico-Matemática - Habilidade para raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. É a mais associada com a idéia tradicional de inteligência. Importante para pesquisadores, cientistas, físicos e engenheiros, etc.
Lingüística - Habilidade para lidar com palavras de maneira criativa e de se expressar de maneira clara e objetiva. É a inteligência da fala e ca comunicação verbal e escrita e não tem relação com a cultura da pessoa. Importante para poetas, escritores, oradores, jornalistas, publicitários, vendedores, etc.
Musical - Capacidade de entender a linguagem sonora e de se expressar por meio dela. Permite organizar elementos sonoros (timbres, ritmos, sons) de forma criativa e independe de aprendizado formal. É a mais associada com a idéia de talento. Importante para músicos e compositores.
Concreta
Pictórica-espacial - Capacidade de reproduzir, pelo desenho, situações reais ou mentais, de organizar elementos visuais de forma harmônica; de situar-se e localizar-se no espaço. Permite formar um modelo mental preciso de uma situação espacial, utilizando-o p/ fins práticos (orientação/disposição). Capacidade de transportar-se mentalmente a um espaço. Importante para artistas plásticos, ilustradores, arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros, escultores, etc.
Cinético-Corporal - Capacidade de utilizar o próprio corpo para expressar idéias e sentimentos. Facilidade de usar as mãos. Inclui habilidades como coordenação, equilíbrio, flexibilidade, força, velocidade e destreza. Importante para atletas, mágicos, bailarinos, malabaristas, mímicos, etc.
Social
Interpessoal - Capacidade de compreender as pessoas e de interagir bem com os outros, o que significa ter sensibilidade para o sentido de expressões faciais, voz, gestos e posturas de habilidade para responder de forma adequada às situações interpessoais. Importante para líderes de grupos, políticos, terapeutas, professores e animadores de espetáculos.
Intrapessoal - Capacidade de conhecer-se e de estar bem consigo mesmo, de administrar os próprios sentimentos a favor de seus projetos. Inclui disciplina, auto estima e auto-aceitação. Importante para todas as profissões.
Interpessoal + Intrapessoal = Emocional - Assim denominada por Daniel Goleman em seu best-seller, envolve a capacidade de interagir com o mundo levando em conta os próprios sentimentos e a habilidade de compreender as emoções próprias e alheias, utilizando para as nossas decisões pessoais e profissionais.
Espiritual
Espiritual - É a capacidade de aplicar, nas ações do cotidiano, princípios e valores espirituais, com o objetivo de encontrar paz e tranqüilidade. Envolve a capacidade de encontrar um propósito para a própria vida e de lidar com problemas existenciais (perdas, fracassos, rompimentos).

A idéia central de sua proposta é a de que a inteligência compõe-se um amplo espectro de competências inter-relacionadas, algumas das quais antigamente eram consideradas dons, talentos (como a músical ou a pictórica-espacial) ou virtudes (como a intrapessoal). A diferença no enfoque e o aspecto revolucionário da teoria das Inteligências Múltiplas está em que todos os seres humanos possuem todas as inteligências acima, só que em diferentes graus de desenvolvimento. Ninguém recebeu dádivas especiais e exclusivas. O que nos falta é treino.
Esta visão concorda perfeitamente com a concepção espírita da Lei de Igualdade, da Justiça Divina e da Evolução. Segundo a Doutrina, todos possuímos os germes de todas as faculdades, que apenas aguardam para desabrochar em nós.
Uma das inteligências não consideradas por Gardner, mas defendida pela psicóloga e filósofa americana Dana Zohar, é a espiritual. Suas características coincidem com a idéia que fazemos de um ser espiritualmente evoluído.
Embora estejam separadas, para fins de entendimento, na realidade as inteligências funcionam em conjunto, integradas umas às outras. Ao montar um quebra-cabeça, por exemplo, várias delas entram em ação: a lógico-matemática (na classificação das peças e descoberta de semelhanças), a pictórica-espacial (para perceber a localização das peças e as diferenças de cor), cinético-corporal (no uso das mãos) e até a intrapessoal (para persistir até o fim). Quer dizer que, embora uma possa predominar, todas trabalham juntas.
Quantas crianças não são marginalizadas em suas famílias, comunidades e escolas porque suas habilidades em resolver cálculos ou problemas abstratos e distanciados de sua realidade não são as esperadas?
Provavelmente, a contribuição mais importante da teoria das inteligências múltiplas seja a de alterar alguns conceitos sobre ensino, proporcionando ao aluno desenvolver diversas atividades de forma mais personalizada e de acordo com as suas reais aptidões. Neste processo mais individualizado, as crianças perceberão que suas forças pessoais estão sendo reconhecidas e valorizadas. O importante não está em medirmos a grandeza da inteligência em números ou como um conjunto de habilidades isoladas, e sim como um processo dinâmico, múltiplo e integrado, permitindo ser observada de diferentes ângulos. Esta nova concepção de inteligência nos conduzirá à formação de cidadãos mais felizes, mais competentes, com mais capacidade de trabalhar em grupo e mais equilibrados emocionalmente.(2)
1) Em 1900, Alfred Binet foi solicitado para que desenvolvesse uma medida de predição do sucesso escolar de crianças das primeiras séries. Desta forma surgiu o primeiro teste de inteligência, que visava estabelecer um critério para diferenciar crianças retardadas e crianças normais nos mais diferentes graus. Daí surgiu, também, a noção de que a inteligência poderia ser medida quantitativamente através da avaliação das capacidades lógica e linguística. Volta
(2) O trecho em itálico é de Jorge Montardo, médico pediatra, no site http://planeta.terra.com.br/saude/montardo/index.htm. Volta
ATIVIDADE:
Quebra-cabeças misturados
(A partir dos 8 anos.)
OBJETIVO GERAL:
Trabalhar simultaneamente com algumas das múltiplas inteligências.
Material:
Figuras diversas, recortadas em forma de quebra-cabeça, acondicionadas em envelopes ou sacos plásticos com as peças misturadas.
Como aplicar:

Dividir a turma em grupos em número igual ao de envelopes. Entregar um para cada grupo e explicar que todos os grupos deverão, ao final de certo tempo, haver montado um quebra-cabeça completo.

A importância da leitura...

A leitura tem importância fundamental na vida das pessoas. A necessidade de muita leitura está posto entre todos, haja vista, que propicia a obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do conhecimento, assim como, pode constituir-se em fonte de entretenimento.
Para uns, atividade prazerosa, para outros, um desafio a conquistar. Urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente.
O que é ler? Qual a importância da leitura? Quais procedimentos práticos para uma leitura eficiente? Questões óbvias, que pela sua evidência pouco são problematizadas. Etimologicamente, ler deriva do latim “lego/legere”, que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Nesta reflexão, enfatizamos a leitura da palavra escrita.
No entanto, entendemos que a leitura, para atender o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se à realidade. Caso contrário, ela será um processo mecânico de decodificação de símbolos. Logo, todo o ser humano é capaz de ler e lê efetivamente. Destarte, tanto lê o conhecedor dos signos lingüísticos/gramaticais, quanto o camponês, “não letrado”, que, observando a natureza, prevê o sol ou a chuva.
É mister, primeiramente, frisar que a leitura é mutíssimo importante, pois amplia e integra conhecimentos, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência.
Investigações atestam que o sucesso nas carreiras e atividades na atualidade, relacionam-se, estreitamente, com a hábito da leitura proveitosa, pois além de aprofundar estudos, possibilita a aquisição dos conhecimentos produzidos e sistematizados historicamente pela humanidade.
O objetivo maior ao proceder à leitura de uma determinada obra consiste em aprender, entender e reter o que está lendo. Por conseguinte, inquestionavelmente, a leitura é uma prática que requer aprendizagem para tal e, sem sombra de dúvida, uma atividade ainda pouco desenvolvida. Neste particular, a leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou aprendizagem.
Além do incentivo e à promoção de espaços permanentes de leitura é preciso criar o prazer para este ofício. O deleite advindo da leitura não se conquista num passe de mágica, espontaneamente. Requer opção, atitudes coerentes e pertinentes ao objetivo proposto. Não importa tanto o quanto se lê, mas como se lê. A leitura requer atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise e síntese; o que possibilita desenvolver a capacidade de pensar.
Indubitavelmente, é preciso saber ler, ler muito e ler bem. Considerando apropriações de estudos realizados com o intuito em aperfeiçoar o hábito de leitura, elencamos alguns aspectos e/ou habilidades que julgamos pertinentes, nesta perspectiva:
1º - Ler com objetivo determinado, isto é ter uma finalidade. Saber por que se está lendo;
2° - Ler unidades de pensamento e não palavras por palavras. Relacionar idéias;
3º - Ajustar a velocidade (ritmo) da leitura ao assunto, tema e/ou texto que está lendo:
4º - Avaliar o que se está lendo, perguntando pelo sentido, identificando a idéia central e seus fundamentos;
5º - Aprimorar o vocabulário esclarecendo termos e palavras “novas”.O dicionário é um recurso significativo. No entanto, palavras-chave, analisadas no contexto do próprio assunto em que são usadas, facilita a compreensão;
6º - Adotar habilidades para conhecer o livro, isto é, indagar pelo que trata determinada obra;
7º - Saber quando é conveniente ou não interromper uma leitura, bem como quando retomá-la;
8º - Discutir com colegas o que lê, centrando-se no valor objetivo do texto, visto que o diálogo é a condição necessária para a indagação, para a intercomunicação, para a troca de saberes.
9º - Adquirir livros que são fundamentais (clássicos), zelando por uma biblioteca particular, assim como, freqüentar espaços e ambientes que contenham acervo literário, por exemplo, bibliotecas;
10º - Ler assuntos vários. Não estar condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto;
11º - Ler muito e sempre que possível; e.
12º - Considerar a leitura como uma atividade de vida, não desenvolvendo resistências ao hábito de ler.
As orientações supracitadas terão efeitos promissores, se observadas efetivamente, na prática, do contrário, não passam de mero palavreado. A leitura eficiente, depende de método.
No entanto, incontestavelmente, o método está na dependência de quem o aplica. Não bastam somente boas intenções. São necessárias ações congruentes aos desígnios. É fundamental compreender que, na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura é de máxima importância, representando um papel essencial, pois revela-se como uma das vias no processo de construção do conhecimento, como fonte de informação e formação cultural.
Ademais, ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade neuróbica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.
O ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de informações... É um exercício de intercâmbio, uma vez que possibilita relações intelectuais e potencializa outras. Permite-nos a formação dos nossos próprios conceitos, explicações e entendimentos sobre realidades, elementos e/ou fenômenos com os quais defrontamo-nos.
Em nossa escola, visando valorizar a importância da leitura estamos desenvolvendo o projeto "Eu Li e Recomendo" que terá o envolvimento dos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental do turno da manhã.
Conheça o nosso projeto que agora apresentamos. Depois sugira, critique, opine, elogie... Todo comentário será bem vindo!!!
PROJETO
EU LI E RECOMENDO!


Público alvo: Alunos dos 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, do turno da manhã, da E.E.F. Dr. Stênio Dantas.
Período: Setembro a novembro de 2008.
Responsáveis: Profa. Francisca Nádia Fechine de Andrade, Prof. Laercio Genuino Mendonça e Profa. Rafaele Maria Ribeiro Duarte.
Justificativa: Ler é a possibilidade de ver o mundo com mais verdade, mais argúcia, mais nuances. Por tudo isso, também com mais encantamento. Encantamento que vem da própria percepção do poder da linguagem e mais especificamente da leitura na vida de cada um.
Efetivamente, pela linguagem se expressa; revela-se; relaciona-se com os outros e com o mundo. É-se humano pela linguagem; cria-se e constrói-se a sociedade; faz-se história. A LEITURA é parte importante desse universo criado pela linguagem. A leitura é, sobretudo, a compreensão do outro. Se se acredita nisso, é obrigatória a pergunta: QUAL O LUGAR DA LEITURA, NA ESCOLA HOJE? O QUE CABE À ESCOLA FAZER?
A emoção e o prazer da descoberta, sempre renovadas a cada nova leitura não poderia diminuir e muitas vezes acabar, pela forma como a escola desenvolve essas experiências. Em outras palavras: não pode-se deixar morrer o entusiasmo de descobrir também - e, com freqüência, sobretudo - pela leitura o que foi e o que é a história do homem; não deve-se permitir que se perca a alegria de DESCOBRIR O MUNDO ATRAVÉS DA LEITURA, não pode-se influir decisivamente para que a leitura seja descartada, ou quase, da vida dos educandos.
Como educadores, não podemos ver esgotadas as possibilidades de mudança desse cenário que ora nos é apresentado. Precisamos construir um país de leitores, uma ESCOLA QUE LÊ E INTERPRETA O MUNDO. Cabe-nos tentar recuperar o exercício cotidiano da boa leitura. Isto, de forma prazerosa, descortinando para os alunos as possibilidades dessa, como parte importante ao desenvolvimento da cidadania e do seu bem-estar no mundo. É nessa perspectiva que se justifica esse projeto.

Objetivos:
Geral: Despertar no aluno o sentido da leitura e o lugar que esta deve ocupar em sua vida.
Específicos: Descortinar para o aluno as possibilidades da leitura frente ao seu desenvolvimento psico-sócio-cultural; estimular a construção do hábito da leitura; e, fomentar o educando a enxergar o mundo através da leitura.

Metodologia: Possibilitar ao aluno a livre escolha (num primeiro momento), na biblioteca da escola ou em outras fontes, de um livro que deverá iniciá-lo no projeto; determinar um prazo para a leitura, sendo que após essa etapa, o aluno apresentará resultados da leitura realizada, socializando o conteúdo do livro escolhido, com a sua turma; estimular o envolvimento do leitor com a obra, a ponto de envolver ou ouvintes, quando do momento da apresentação do fichamento da leitura e da síntese; e, para o público extra-sala, será montado um painel com detalhes do livro lido e o grande desafio: INFORMAR SE RECOMENDA ou NÃO, a obra em pauta.
Avaliação: A avaliação se fará no e durante todo o processo, a começar pela apresentação do projeto, incentivo e orientação na escolha da obra literária e observância do desempenho e atuação de cada um, na execução das tarefas.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnicos raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana


Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnicos raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana




O Conselho Nacional de Educação baixou a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, instituindo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.



Seu texto é o seguinte:


(*) CNE/CP Resolução 1/2004. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de junho de 2004, Seção 1, p. 11.



CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃOCONSELHO PLENO


RESOLUÇÃO Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004. (*)



Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. O Presidente do Conselho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 9.131, publicada em 25 de novembro de 1995, e com fundamentação no Parecer CNE/CP 3/2004, de 10 de março de 2004, homologado pelo Ministro da Educação em 19 de maio de 2004, e que a este se integra, resolve:



Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores.



§ 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos conteúdos de disciplinas e atividades curriculares dos cursos que ministram, a Educação das Relações Étnico-Raciais, bem como o tratamento de questões e temáticas que dizem respeito aos afrodescendentes, nos termos explicitados no Parecer CNE/CP 3/2004.



§ 2° O cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares, por parte das instituições de ensino, será considerado na avaliação das condições de funcionamento do estabelecimento.



Art. 2° As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas constituem-se de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, execução e avaliação da Educação, e têm por meta, promover a educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando relações étnico-sociais positivas,rumo à construção de nação democrática.



§ 1° A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira.



§ 2º O Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, européias, asiáticas. § 3º Caberá aos conselhos de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios desenvolver as Diretrizes Curriculares Nacionais instituídas por esta Resolução, dentro do regime de colaboração e da autonomia de entes federativos e seus respectivos sistemas.



Art. 3° A Educação das Relações Étnico-Raciais e o estudo de História e Cultura Afro-Brasileira, e História e Cultura Africana será desenvolvida por meio de conteúdos, competências, atitudes e valores, a serem estabelecidos pelas Instituições de ensino e seus professores, com o apoio e supervisão dos sistemas de ensino, entidades mantenedoras e coordenações pedagógicas, atendidas as indicações, recomendações e diretrizes explicitadas no Parecer CNE/CP 003/2004.



§ 1° Os sistemas de ensino e as entidades mantenedoras incentivarão e criarão condições materiais e financeiras, assim como proverão as escolas, professores e alunos, de material.



§ 2° As coordenações pedagógicas promoverão o aprofundamento de estudos, para que os professores concebam e desenvolvam unidades de estudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes componentes curriculares.



§ 3° O ensino sistemático de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica, nos termos da Lei 10639/2003, refere-se, em especial, aos componentes curriculares de Educação Artística, Literatura e História do Brasil.



§ 4° Os sistemas de ensino incentivarão pesquisas sobre processos educativos orientados por valores, visões de mundo, conhecimentos afro-brasileiros, ao lado de pesquisas de mesma natureza junto aos povos indígenas, com o objetivo de ampliação e fortalecimento de bases teóricas para a educação brasileira.



Art. 4° Os sistemas e os estabelecimentos de ensino poderão estabelecer canais de comunicação com grupos do Movimento Negro, grupos culturais negros, instituições formadoras de professores, núcleos de estudos e pesquisas, como os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, com a finalidade de buscar subsídios e trocar experiências para planos institucionais, planos pedagógicos e projetos de ensino.



Art. 5º Os sistemas de ensino tomarão providências no sentido de garantir o direito de alunos afrodescendentes de freqüentarem estabelecimentos de ensino de qualidade, que contenham instalações e equipamentos sólidos e atualizados, em cursos ministrados por professores competentes no domínio de conteúdos de ensino e comprometidos com a educação de negros e não negros, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes, palavras que impliquem desrespeito e discriminação.



Art. 6° Os órgãos colegiados dos estabelecimentos de ensino, em suas finalidades, responsabilidades e tarefas, incluirão o previsto o exame e encaminhamento de solução para situações de discriminação, buscando-se criar situações educativas para o reconhecimento, valorização e respeito da diversidade.



§ Único: Os casos que caracterizem racismo serão tratados como crimes imprescritíveis e inafiançáveis, conforme prevê o Art. 5º, XLII da Constituição Federal de 1988.



Art. 7º Os sistemas de ensino orientarão e supervisionarão a elaboração e edição de livros e outros materiais didáticos, em atendimento ao disposto no Parecer CNE/CP 003/2004.


Art. 8º Os sistemas de ensino promoverão ampla divulgação do Parecer CNE/CP 003/2004 e dessa Resolução, em atividades periódicas, com a participação das redes das escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação e divulgação dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagens de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações Étnico-Raciais.


§ 1° Os resultados obtidos com as atividades mencionadas no caput deste artigo serão comunicados de forma detalhada ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ao Conselho Nacional de Educação e aos respectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para que encaminhem providências, que forem requeridas.


Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições emcontrário.


Roberto Cláudio Frota Bezerra

Presidente do Conselho Nacional de Educação

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos





Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.



O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:



Art. 1o O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:



Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.



§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.



§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)



Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.



Brasília, 10 de março de 2008; 187o da Independência e 120o da República.



LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Fernando Haddad



Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.3.2008.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Uma "revolução" para os livros

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete que, até 2010, todos os municípios brasileiros terão uma biblioteca pública. Acordo que unifica a ortografia em oito países é assinado e passa a valer em 2009.
Entre pompa e fardões, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante sessão solene da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, que homenageou o centenário da morte de Machado de Assis e promulgou o Acordo Ortográfico dos Países de Língua Portuguesa, que fará uma "revolução" dos livros no Brasil até o fim de seu segundo mandato. Lembrando o passado pobre e proletário de Machado de Assis, Lula arrancou aplausos dos imortais e convidados reunidos no Salão Nobre do Petit Trianon ao citar o maior escritor brasileiro: "Palavra puxa palavra. Uma idéia traz outra. E assim se faz um livro, um governo ou uma revolução". E emendou: "Façamos juntos a revolução do livro e da leitura em nosso país".

Lula prometeu que, até 2010, todos os 5,5 mil municípios brasileiros terão pelo menos uma biblioteca pública. O presidente, que só tem o diploma primário e o curso de torneiro mecânico do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), fez sua terceira visita à casa que representa o saber nacional - a primeira ocorreu no velório do jurista Raymundo Faoro e a outra há exatamente um ano, na comemoração dos 110 anos da ABL. Era, segundo ele, uma demonstração da importância que dá à educação. "A Academia encarna a gratidão do país a todos aqueles que alimentam a inteligência nacional", disse Lula.

"Com sua agenda tão cheia, sabemos que foi um grande esforço", reconheceu o presidente da ABL, Cícero Sandroni, numa referência indireta à crise econômica mundial. Num dos atos mais emocionantes da noite, Lula recebeu do ex-presidente da República, escritor e acadêmico José Sarney a medalha marcando os 100 anos da morte de Machado.

Transição
Em mais um passo na difícil tarefa de unificação do idioma português, Lula assinou o decreto que estabelece o cronograma para a vigência do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa e orienta sua implantação. Assinado em 16 de dezembro de 1990, o acordo busca unificar o registro escrito nos oito países do planeta que falam, cada um à sua maneira, o português - Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O acordo deveria vigorar a partir de 1994, mas divergências entre as partes impediram o cumprimento do prazo. Em Portugal, o acordo foi aprovado em maio deste ano e a nova ortografia deverá ser obrigatória dentro de seis anos.

No Brasil, o acordo entra em vigor em 1º de janeiro de 2009 e o país tem até 31 de dezembro de 2012 para se adaptar. De acordo com especialistas, 0,45% das palavras brasileiras sofrerão alterações, ao passo que em Portugal haverá mudanças em 1,6% dos vocábulos. Nesse período de transição, ficam valendo tanto a ortografia atual quanto as novas regras. Assim, concursos e vestibulares deverão aceitar as duas formas de escrita - a atual e a nova.

O Ministério da Educação estabeleceu que, em 2010, as novidades já serão incorporadas pelos livros didáticos. Entre as principais mudanças estão a incorporação de novas letras - "k", "w" e "y", elevando o número de letras de 23 para 26 -, o fim do trema, a extinção dos acentos diferenciais ainda existentes (como o de "pára", do verbo parar), o fim dos acentos agudos de ditongos (palavras como "ideia" ficam sem acento) e o sumiço de acentos circunflexos, como os de "vôo" e "crêem". Palavras começadas por "r" ou "s" não levarão mais hífen, como em anti-semita (ficará "antissemita") ou em contra-regra (ficará contrarregra). O acordo não define todos os usos de hífens, por exemplo.

A falta de Machado
Na sessão solene de celebração dos 100 anos de morte de Machado de Assis, fundador da própria Academia, o orador oficial da solenidade, o acadêmico Eduardo Portella - lembrado até hoje pela espirituosa frase "eu não sou ministro, estou ministro", quando era ministro da Educação de João Figueiredo - disse que o país sente muita falta de Machado. Acompanhado do ministro da Educação, Fernando Haddad, da Cultura, Juca Ferreira, e do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, Lula lembrou que Machado de Assis venceu pelo seu próprio talento individual, contra todas as probabilidades. "Não se trata de atribuir à literatura a agenda política, mas de perceber na grandeza de Machado, que nos questiona até hoje, um desafio a que o Brasil vença o preconceito e a exclusão", discursou Lula.

Além da promessa de criar uma rede de bibliotecas públicas em todas as cidades brasileiras, Lula lembrou que o Programa de Bibliotecas Rurais Arca das Letras, implantado em 2003 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, já distribuiu mais de 1,2 milhão de livros, e que estão sendo formados 5.460 agentes de leitura para atuarem em bibliotecas, pontos de cultura e pontos de leitura.

O que muda
As alterações na língua portuguesa só passam a valer obrigatoriamente em 2012.
Confira:

O alfabeto ganha, oficialmente, mais três letras: o "k", o "w" e o "y"

Não existirá mais o trema nas palavras em português (por exemplo: tranqüilo passa a ser tranquilo e agüentar vira aguentar; o acento só continuará a ser usado em palavras estrangeiras, como sobrenomes do tipo Müller)

Ditongos abertos "ei" e "oi" (como em alcatéia ou em heróico) não terão mais acento agudo

Palavras com duplo "oo" (como vôo) e duplo "ee" (como lêem) perdem o acento circunflexo

Não haverá mais acentos agudos ou circunflexos para diferenciar palavras (a exemplo de pára, do verbo parar, e para, preposição)

O uso do hífen passa a ser limitado a quando os prefixos terminam em "r": como super-forte ou hiper-resistente. Não existirá mais quando o segundo elemento da palavra começar com "s" ou "t". No lugar do sinal, dobra-se a consoante: contra-regra se transforma em contrarregra

Em Portugal, 1,6% das palavras serão alteradas. Somem, por exemplo, o "c" e o "p" quando elas não são pronunciadas (casos como o de óptimo, que vira ótimo, e acção, que passa a ser escrita como ação)

Nordeste é a região com mais crianças na pré-escola, indica IBGE

O acesso à educação infantil de 4 a 5 anos atingiu 70% em 2007, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que cresceu a quantidade alunos matriculados na pré-escola, etapa da educação para crianças de 4 e 5 anos.

O destaque foi para a Região Norte, que registrou o aumento mais considerável: subiu 5,1%, passando de 54,6%, em 2006, para 59,7% em 2007. Mas, em termos absolutos, o Nordeste tem mais crianças estudando nessa faixa etária, 76,8%.

"A larga maioria dos pais das nossas crianças e jovens da escola pública trabalha e não tem um alto nível de escolaridade. Isso significa que o papel da escola na alfabetização, na leitura, na escrita da criança é muito importante. Receber uma criança só aos 6 anos de idade é perder seis anos que poderiam ser trabalhados na formação dela em diferentes aspectos, tanto educacional quanto social", avalia o presidente executivo do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves.

Segundo o IBGE, de 2006 para 2007, Amazonas, Alagoas e Paraná tiveram o maior crescimento de freqüência escolar no grupo de 4 a 5 anos. Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba também se destacam com 85,8%, 82,2% e 80,1% das crianças com essas idades freqüentando a escola, respectivamente.
Fonte: Diário do Pará / Agência Brasil, 29.09.2008.

Laptop educacional não sai da gaveta

O Ministério da Educação - MEC - não pretende tirar da gaveta o já lendário projeto do laptop educacional, a iniciativa que prevê a distribuição de milhares de computadores portáteis entre alunos da rede pública de ensino.

Segundo uma fonte do MEC, que atua próxima ao projeto, o programa "Um Computador por Aluno" (UCA), encampado pela Casa Civil, não possui sequer orçamento para ser realizado neste ano e a prioridade do Ministério está voltada para projetos como o Proinfo, que trata da modernização dos laboratórios de informática das escolas públicas, e não para a distribuição de notebooks para os alunos.


Procurado, o MEC não quis se posicionar sobre o assunto. Por meio de sua assessoria de comunicação, informou apenas que um "comitê está reunido e debatendo o tema" e que novos processos licitatórios "estão em fase de elaboração", o que inclui o Proinfo urbano, que irá equipar 22 mil laboratórios escolares. Na Casa Civil, ainda há a expectativa de que o Ministério tome as medidas necessárias para que o edital de compra de 150 mil equipamentos saia ainda neste ano. "Essa demora é muito frustrante, se o orçamento não for liberado até 15 de outubro, o projeto vai atrasar mais uma vez, para abril do ano que vem", afirma uma fonte da Casa Civil.


O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao MEC, chegou a realizar um pregão eletrônico para aquisição das máquinas em dezembro do ano passado. Na ocasião, a fabricante Positivo Informática foi qualificada com a melhor proposta, mas o MEC acabou desistindo da idéia de ter que pagar cerca de R$ 650 por cada computador portátil. A idéia era que um novo edital fosse publicado em abril, o que também não aconteceu. O governo então contratou a Fundação Getulio Vargas (FGV) para revisar e reduzir as exigências do primeiro edital, com o propósito de baixar o custo das máquinas, mas a viabilidade da iniciativa divide opiniões dentro do próprio MEC. A idéia de usar laptops como instrumento pedagógico e de inclusão digital é discutida pelo governo há pelo menos três anos.


Dois anos atrás, o presidente Luís Inácio Lula da Silva chegou até a colocar as mãos em um protótipo do XO, a máquina criada por Nicholas Negroponte, o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que desencadeou essa corrida pelo laptop educacional.De lá para cá, a proposta do UCA já rendeu milhares de palestras, teses de mestrado em universidades e até livro do governo.


Com o título "Um Computador por Aluno: a experiência brasileira", a obra foi lançada em julho, em cerimônia realizada no salão nobre da Câmara dos Deputados. Agora só falta sair do papel. "É um projeto ambicioso, sinceramente não sei se vai acontecer nessas proporções que o governo deseja", diz o deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE), que é o relator do projeto na Câmara. Enquanto as discussões sobre o tema se arrastam no Brasil, alguns países da América Latina já estão realizando seus pilotos para checar, na prática, se a idéia pode ou não dar certo.


Em março, a organização "Um Laptop por Criança" (OLPC, na sigla em inglês) distribuiu 240 mil portáteis no Peru e 110 mil no Uruguai. A fabricante de chips Intel também está promovendo a sua máquina ClassMate, com testes em cerca de 30 paíseseto que prevê distribuição de portáteis em escolas públicas.


Fonte: SBPC / Valor Econômico, 29.09.2008.

Para biógrafo inglês, Lula avançou economia, mas fracassa na educação

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, "um dos presidentes mais significativos" da história do Brasil no século 20, caminha também para ser "um fracasso na educação", na opinião do pesquisador britânico Richard Bourne, autor de um livro sobre Lula.




Lula of Brazil (Zed Books, Londres e Nova York), biografia política do ex-metalúrgico eleito e reeleito presidente, compila para o leitor do inglês os avanços e dificuldades do atual governo. O lançamento da obra, nesta terça-feira em Londres, vem a tempo de jogar uma luz sobre as razões que levam a popularidade de Lula a níveis recordes de 80%.





"Lula domina completamente a cena política no país. Ricos e pobres acham que Lula é uma pessoa que cuida do país", avalia Bourne, ex-jornalista do The Guardian, hoje pesquisador sênior do Institute of Commonwealth Studies, em Londres.





Bourne não esconde a simpatia que sempre nutriu por Lula desde que o ex-metalúrgico se destacou no sindicalismo nos anos 1980 - ou, a rigor, não esconde a simpatia pelo Brasil. Diz que "deixou seu coração" no país quando desembarcou pela primeira vez no Rio, em 1965. É autor de um livro sobre Getúlio Vargas e outros sobre líderes latino-americanos.





Nesta entrevista à BBC Brasil, o pesquisador faz uma avaliação dos altos e baixos do governo. Sublinha avanços no combate à pobreza e na política externa. Mas não deixa de criticar com severidade o que chama de "fracassos" no impulso à educação e em relação à esperança de fundar no Brasil "um tipo mais ético de política".





BBC Brasil - Seu livro vem em um momento em que a popularidade do presidente bate recorde e alcança 80%. Como explicar esse fenômeno?






Richard Bourne - Lula domina completamente a cena política no Brasil. Em parte, porque está no poder há muito tempo, em parte pelo que fez, em parte pelas suas características tão humanas. As pessoas se sentem muito seguras com Lula. Ricos e pobres acham que Lula é uma pessoa que cuida do país. Mas até por isso seu legado político será complicado...






BBC Brasil - Seria minha próxima pergunta...






Bourne - Lula sempre foi mais popular do que o PT. E muitas vezes ele até se mostrou muito impiedoso com o PT. Isso significa que não podemos pressupor que um petista o suceda. De certa forma, chegar à Presidência se tornou uma grande conquista pessoal de Lula, e é difícil que haja outro Lula. Felizmente, ele não deu ouvidos às pessoas que queriam convencê-lo a mudar a Constituição para poder se candidatar para um terceiro mandato. Isso seria um desastre para o Brasil.






BBC Brasil - Ampliando a questão do legado. O senhor é um estudioso de Vargas. Podemos comparar o legado de Lula e Vargas, os dois "pais dos pobres"?






Bourne - A comparação de que Lula e Vargas são pais dos pobres é adequada. Vargas criou os arranjos de seguridade social e era apoiado por movimentos operários. Mas esses movimentos eram apoiados pelo Estado. Já Lula fez muito mais pelos pobres que não estão na economia normal, ao introduzir o Bolsa Família e prover o recurso a 12 milhões de famílias só até o fim do 1º mandato. Acho que fez tanto como pai dos pobres quanto Getúlio.






BBC Brasil - O senhor diz que o Bolsa Família é um avanço na questão da pobreza, mas o programa tem ajudado em relação à educação?






Bourne - Acho que a educação é um dos grandes fracassos de Lula. Acho que ele perdeu o primeiro mandato ao não fazer nada pela educação pública no Brasil, algo que qualquer pessoa, qualquer observador internacional, qualquer brasileiro informado no Brasil enxerga como uma das maiores fraquezas do país.


Talvez porque ele mesmo tenha conseguido chegar ao topo sem educação formal ou porque se cansou de pessoas sabidas dizendo a ele que ele deveria ter se formado - não sei - mas parece que ele, pessoalmente, nunca considerou a educação tão importante para o seu país como deveria.


Esse é um grande contraste com outros líderes, como Nelson Mandela, da África do Sul, que estudou na prisão e obteve seu diploma na prisão, e mesmo Robert Mugabe, do Zimbábue, que privilegiou a educação quando chegou ao poder nos anos 1980. Acho que a questão da educação é um fracasso pessoal de Lula, e é bem difícil compensar isso.






BBC Brasil - Mas se há pouco investimento em algo tão estratégico no longo prazo, como a educação, o que resta?






Bourne - No seu segundo mandato, Lula tentou incluir seu pacote de crescimento, o que eu acho que funcionou, além de conseguir se beneficiar da expansão econômica. Há alguns avanços na parta da educação cultural. Houve um aumento no número de universidades, há bons avanços feitos na parte cultural pelo ex-ministro Gilberto Gil nas favelas. É uma tentativa de elevar um pouco o nível de alfabetismo. Mas, como disse, acho que a educação pública foi um certo fracasso ao não ser considerada como devia.






BBC Brasil - O senhor dedica um capítulo aos escândalos de corrupção. Como avalia esse quesito?




Bourne - A situação ética e política é uma parte ruim do legado de Lula. Simplesmente deu errado muito cedo, por conta do pacto com o demônio que ele fez logo no início da sua quarta tentativa para chegar à Presidência. Acho que Lula simplesmente se cansou de perder. E acho que isso foi uma traição do espírito que animou a fundação do PT no início dos anos 1980. Porque em qualquer grupo no qual você se incluísse no PT, fosse radical, marxista, moderado, a única coisa do qual estava totalmente certo era de que era preciso um tipo de política mais ético no Brasil. E nisso ele fracassou.






BBC Brasil - Há algo que se possa fazer em relação a isso?






Bourne - Sim, há uma série de coisas que podem e precisam ser feitas. Muito mais esforço deve ser dirigido à eleição dos políticos. Há bons políticos, nem todos do mesmo partido, nem todos de esquerda. E uma coisa é certa: a sociedade civil, ONGs, o terceiro setor, todos aqueles setores pressionando por transparência precisam ser reforçados. Obviamente, a imprensa e a mídia em geral têm um tremendo papel nisso. Eles fizeram um bom trabalho durante o mensalão. Esta vigilância é muito importante.






BBC Brasil - Mas o senhor crê que é possível reverter a sensação de que todos os políticos...






Bourne -...são bandidos e que a política é um negócio? Acho que isso é bem difícil, e digo por quê. O Brasil é um país muito grande e relativamente desorganizado. Um pouco como os Estados Unidos, onde política também pode se confundir com negócio. Você nunca consegue se livrar disso totalmente, mas acho que pode reduzir o mal. Mesmo assim, se olhar a história brasileira, vai ver que há diversos políticos honestos desde os primórdios, desde o século 19. Não gosto da idéia de simplesmente desistir do Brasil em relação a isso.






BBC Brasil - O senhor mencionou a relação da imprensa com o governo. Esta relação não é antagonista? Se sim, é visível?




Bourne - Acho que sim, é visível. Sempre houve uma hostilidade nesses interesses travestidos dos ricos por parte da imprensa. De certa forma, era uma questão de poder. Eles não queriam ter seus privilégios ou opiniões questionados. Mas acho que agora há algo diferente. Imagino que os jornalistas estão apenas cansados de Lula. O mesmo tipo de atitude que existe aqui em relação ao Gordon Brown. De certa forma, é natural e até bom. Eu sou um ex-jornalista, sei que é preciso algum grau de cinismo e ceticismo entre os jornalistas em relação a políticos.




BBC Brasil - O senhor diz no seu livro que a política externa do Brasil reflete os ideais iniciais do PT, e que a política econômica é a maior traição desses ideais. Pode explicar?




Bourne - Talvez a política econômica do PT tenha sido irrealista quando ele foi eleito. Voltar a uma era de controle estatal quase total das instituições é insustentável em um mundo globalizado. Já a política externa foi bem fundamentada.
Algo que não foi bem sucedido foi a tentativa de se tornar o líder dos latino-americanos - acho que foi mal pensado. O Brasil é muito grande e ameaçador aos olhos dos outros países, e apenas se o Brasil estiver trabalhando claramente nos interesses deles, eles vão concordar em ser representados pelo Brasil. Lideres nacionalistas como Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales quase inevitavelmente se viraram contra empresas brasileiras, como Odebrecht e a Petrobras.




De certa forma, o Brasil está pagando o preço de se tornar uma economia capitalista relativamente bem sucedida. E isso é um pouco duro para Lula, porque ele é um representante da esquerda, e de repente os interesses nacionais do Brasil e os interesses dos governos de esquerda entraram em colisão.




Mas há que fazer uma distinção entre a abordagem hispânica e brasileira. A do Brasil sempre foi a de acomodação, mesmo quando mudanças drásticas de rumo estavam ocorrendo. Enquanto no mundo hispano-americano, você atira e resolve o problema. Veja Pinochet no Chile, veja a Argentina. São duas culturas políticas muito diferentes. Para mim, para minha visão, o Brasil é um lugar muito mais civilizado.






Fonte: BBC Brasil, 30.09.2008

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Com programação cultural e científica, Canal Virtual Educa é lançado na Net

Na manhã dessa segunda (29), entrou no ar o Canal Virtual Educa. Espécie de televisão pela internet que usa a tecnologia IP (Internet Protocol) e que vai ter sua programação voltada ao conhecimento educacional e científico. É um espaço destinado “àqueles que estão buscando por conhecimento”, afirma Fernando Moreira, diretor do projeto.

O canal é uma parceria da ONG Associação Virtual Educa Brasil com a IPTV-USP, e poderá ser acessado por qualquer computador com internet no site http://www.canalvirtualeduca.com.br/.


A ONG representa a iniciativa ibero-americana Virtual Educa, que realiza encontros para debater idéias sobre inovações na educação, tratando desde o plano tecnológico ao metodológico. Os encontros são locais (no Brasil e em outros países que possuem sedes ou representantes do Virtual Educa) e internacionais, na Espanha, com todos os países membros presentes.
Propostas debatidas no Brasil, como a promoção de educadores por mérito, cursos à distância e recursos digitais em aulas, por exemplo, são levadas ao encontro internacional. O Canal, que, para Moreira, vai ser um “espaço educacional e científico para a América Latina”, também vai transmitir os encontros.


O Virtual Educa tem o objetivo de juntar quatro setores sociais: as iniciativas privada, governamental, educacional e a sociedade organizada, que se encontram para realizar um intercâmbio de idéias. “A principal idéia é unir os atores para buscar novas ações”, diz Moreira.
Segundo ele, o espaço é principalmente direcionado a professores, pesquisadores e dirigentes escolares. “Não é um canal para ter muita audiência, é específico”, diz. “É um espaço que estava faltando”.


A inauguração do canal aconteceu com a exibição da abertura da décima-quinta Reunião Trienal da IAUP (sigla em inglês para Associação Internacional dos Reitores de Universidades), diretamente de Viña del Mar, no Chile. No evento, estará presente o professor Heitor Gurgulino de Souza, presidente da ONG Associação Virtual Educa Brasil.


A transmissão foi ao vivo e começou às 10 horas (horário de Brasília) em http://www.canalvirtualeduca.com.br/.

Solenidade dá largada para acordo ortográfico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou hoje decreto que estabelece o cronograma para a vigência do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e orienta a sua implementação.
A assinatura foi às 15h, na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, durante sessão solene de celebração dos 100 anos de morte de Machado de Assis. O acadêmico Eduardo Portella será o orador oficial da solenidade.

O Acordo Ortográfico prevê 20 bases de mudanças na língua portuguesa, tais como o fim do trema, a supressão de consoantes mudas, novas regras para o emprego do hífen, inclusão das letras w, k e y ao idioma, além de novas regras de acentuação, em que palavras como "idéia" e "assembléia" perderão o acento agudo.

De acordo com o decreto, o acordo entrará em vigor a partir de janeiro de 2009, mas as duas normas ortográficas - a atual e a prevista no acordo - poderão ser usadas e aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos até dezembro de 2012.

A novidade chegará aos livros didáticos em 2010, quando todos deverão ser editados de acordo com a nova ortografia, com exceção de reposições e complementações de programas em curso.

GRAFIA
A expectativa é que a reforma ortográfica amplie a cooperação internacional entre os países falantes da língua portuguesa ao estabelecer uma grafia oficial única do idioma. A medida também deve facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre os países e ampliar a divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa.

O presidente da ABL, Cícero Sandroni, afirma que na solenidade de hoje Machado de Assis será duplamente exaltado. "De um lado, a Academia lhe rende a mais expressiva homenagem neste ano em que celebramos o centenário de sua morte com dezenas de realizações, entre as quais exposição sobre sua vida e obra já visitada por milhares de pessoas, na sua maioria estudantes. E de outro, a assinatura, pelo presidente Lula, dos decretos que promulgam o Acordo Ortográfico dos sete países lusófonos, ato que concretiza uma aspiração de Machado, no discurso de encerramento do ano acadêmico de 1897: "A Academia buscará ser a guardiã de nosso idioma, fundado em suas legítimas fontes - o povo e os escritores, todos os falantes de língua portuguesa"

Participaram da solenidade, entre outros, os ministros da Educação, Fernando Haddad, da Cultura, Juca Ferreira, e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.


HISTÓRICO
Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, o acordo busca unificar o registro escrito nos oito países que falam português - Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Brasil e Portugal.

Em 1990, os presidentes dos sete países onde a língua portuguesa é idioma oficial (na época, o Timor-Leste ainda não havia declarado independência) assinaram um tratado ortográfico que passaria a vigorar em 1994 e foi ratificado pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em 1996 e, dois anos depois, foi assinado, em Praia, capital de Cabo Verde, o protocolo modificativo do acordo, que alterou sua data de vigência. O protocolo modificativo foi ratificado pelo Decreto Legislativo nº 120, de 12 de junho de 2002.

Em 2004, foi assinado novo protocolo modificativo que previa a adesão do Timor-Leste, após sua independência, em 2002, e a entrada em vigor do Acordo a partir de sua ratificação por pelo menos três dos estados signatários em 1990.

Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Portugal já incorporaram a reforma ortográfica a seu ordenamento jurídico. No caso do Brasil, para que a nova norma possa ter efeitos, além do decreto que organiza e determina a entrada em vigor da nova ortografia, serão assinados outros três decretos: um de promulgação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e dois para promulgar cada um dos dois protocolos modificativos.

Hoje comemora-se o centenário de morte do escritor Machado de Assis

Machado de Assis foi um romancista, contista, poeta e teatrólogo brasileiro, considerado um dos mais importantes nomes da literatura do país.

É considerado, pelo crítico Harold Bloom, como o maior escritor afro-descendente de todos os tempos.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro e faleceu na mesma cidade no dia 29 de setembro de 1908. O garoto pobre, filho de um operário mestiço chamado Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, marcou a história da literatura brasileira. Ao contrário do que se imagina, a trajetória de Machado de Assis não o conduziu naturalmente para o mundo das letras. Ainda na infância o jovem “Machadinho”, como era carinhosamente chamado, perdeu sua mãe. Durante sua infância e adolescência foi criado por Maria Inês, sua madrasta. A falta de recursos financeiros o obrigou a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho de vendedor de doces. Ainda sobre condições não muito favoráveis, Machado de Assis demonstrava possuir grande facilidade de aprendizado. Segundo alguns relatos - no tempo em que morou em São Cristóvão - aprendeu a falar francês com a dona de uma padaria da região. Já aos 16 anos conseguiu publicar sua primeira obra literária na revista “Marmota Fluminense”, onde registrou as linhas do poema “Ela”.
No ano seguinte, Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na Imprensa Nacional e dividiu seu tempo com a criação de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Nacional, o escritor iniciante teve a oportunidade de conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da instituição e autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”. O contato com o diretor lhe concedeu novas oportunidades no campo da literatura e o alcance de outros postos de trabalho. Aos 19 anos de idade, Machado de Assis se tornou colaborador e revisor do Jornal Marmota Fluminense.
Nesse período conheceu outros expressivos escritores de seu tempo, como José de Alencar, Gonçalves Dias, Manoel de Macedo e Manoel Antônio de Almeida. Nesse tempo ainda se dedicou à escrita de obras românticas e ao trabalho jornalístico. Entre 1859 e 1860, conseguiu emprego como colaborador e revisor de diferentes meios de comunicação da época.
Entre outros jornais e revistas, Machado de Assis escreveu para o Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro, O Espelho, A Semana Ilustrada e Jornal das Famílias. A primeira obra impressa de Machado de Assis foi o livro “Queda que as mulheres têm para os tolos”, onde aparece como tradutor.
Na década de 1860, consolidou sua carreira profissional como revisor e editor. Na mesma época conheceu Faustino Xavier de Novais, diretor da revista “O futuro” e irmão de sua futura esposa. Seu casamento com Carolina foi bem sucedido e marcado pela afinidade que sua companheira também possuía com o mundo da literatura. Em 1867, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, intitulado “Crisálidas”. O sucesso da carreira literária teve seqüência com a publicação do romance “Ressurreição”, de 1872. A vida de intelectual foi amparada por uma promissora carreira constituída no funcionalismo público.
A conquista do cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas ofereceu uma razoável condição de vida. No ano de 1874, produziu o romance “A mão e a luva” em uma seqüência de publicações realizadas dentro do jornal O Globo, na época, mantido por Quintino Bocaiúva. O prestígio artístico de Machado de Assis o tornou um autor de grande popularidade. Durante as comemorações do tricentenário de Luís de Camões, produziu uma peça de teatro encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II. Entre 1881 e 1897, o jornal Gazeta de Notícias abrigou grande parte daquelas que seriam consideradas suas melhores crônicas.
O ano de 1881 foi marcante para a carreira artística e burocrática de Machado de Assis. Naquele mesmo ano, Machado tornou-se oficial de gabinete do ministério em que trabalhava e publicou o romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, considerado de suma importância para o realismo na literatura brasileira. A ampla rede de relações e amizades de Machado de Assis lhe abriu portas para um outro importante passo na história da literatura brasileira. Em reuniões com seu amigo, e também escritor, José Veríssimo confabulou as primeiras medidas para a criação da Academia Brasileira de Letras.
Participando ativamente das reuniões de escritores que apoiavam tal projeto, Machado de Assis tornou-se o primeiro presidente da instituição. Com a sua morte, em 1908, foi sucedido por Rui Barbosa. A trajetória de Machado de Assis é alvo de interesse dos apreciadores da literatura e de vários pesquisadores.
A sua obra conta com um leque temático e estilístico bastante variado, dificultando bastante o enquadramento de seu legado em um único gênero. O impacto da sua obra chegou a figurá-lo entre os principais nomes da literatura internacional.

A mordaça do analfabetismo

Em pleno século XXI e mesmo depois de avanços visíveis na área do ensino o Brasil ainda segue às voltas com uma espécie de mordaça cognitiva.

A constatação de que, em pleno século 21 e mesmo depois de avanços visíveis na área do ensino, o Brasil segue às voltas com uma espécie de mordaça cognitiva, como definiu nesta semana o jornalista e professor José Marques de Melo, deixa evidente o quanto o país ainda precisa avançar para garantir qualidade no aprendizado.

A conseqüência do problema, atribuída durante debate na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, à falta de acesso à leitura, seria uma espécie de raquitismo da cidadania, na avaliação do especialista. Recém divulgados, os resultados da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a gravidade da questão: do universo entre 7 e 14 anos que freqüenta a escola, nada menos de 2,1 milhões continuam analfabetos, demonstrando que a escola não está conseguindo cumprir integralmente seu papel.

O fenômeno não é recente e vem sendo quantificado há algum tempo por diferentes levantamentos. Dados do Instituto Paulo Montenegro, do Ibope, por exemplo, revelam que nada menos de 38% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Isso significa que não conseguem sequer localizar informações em textos um pouco mais longos, muito menos interpretá-los. O agravante é que esses são os familiares de crianças que freqüentam escolas da rede pública no Brasil e que precisam ser alfabetizadas até os oito anos de idade.

Como advertiu o especialista na área de comunicações, a incapacidade de leitura tem conseqüências que não se limitam a dificuldades triviais mas importantes do cotidiano, pois interferem até mesmo na cidadania. Quem não aprende a ler ou a escrever de forma adequada dificilmente terá condições de assimilar bem outros conteúdos relevantes para quem passou pela escola e, algum dia, poderá precisar deles na vida pessoal ou profissional. Isso explica o fato de que, no Brasil, menos de um terço dos alunos da quarta série do Ensino Fundamental sabe o conteúdo da língua portuguesa e pouco mais de 20%, o de matemática.

Conseqüências como essas reforçam a importância de avaliações como a chamada Provinha Brasil, cujo objetivo é justamente medir a alfabetização de alunos até os oito anos. Até recentemente, as escolas da rede pública ainda ofereciam um ensino de qualidade, mas com acesso limitado a poucas pessoas. A democratização fez com que, mesmo numa velocidade inferior à necessária, o país conseguisse praticamente universalizar o acesso ao Ensino Fundamental. O problema ainda à espera de saídas, e urgentes, é que essa verdadeira revolução não foi acompanhada da preocupação com a qualidade. Enquanto não superar esse entrave, o país manterá amordaçado, como definiu o especialista em comunicação, esse contingente expressivo que vive à margem da cultura letrada.

Alunos e professores aprovam uso do jornal em aula

Melhoria da habilidade em leitura, escrita, e formação de senso crítico são algumas das vantagens do uso do jornal impresso em sala de aula. Entre os docentes, uma unanimidade: o jornal traz benefícios para o processo de ensino-aprendizagem, mas falta capacitação para o uso da ferramenta.
A maior difilculdade é que o uso da mídia não é tratado em programas de formação de professores. Nós, professores precisamos ser capacitados, pois o jornal pode melhorar o desempenho dos nossos alunos em avaliações como no Prova Brasil ou SPECE, que exige leitura interpretativa.
Aqui, levamos para a sala os jornais comprados por mim e por amigos para que seja possiblitado as crianças o acesso a leitura. Muitos aslunos já estão usando o jornal em aula, mas ainda não o vêem como essencial.
Já se faz necessário introduzirmos o uso de jornal nas diretrizes curriculares para o ensino da língua portuguesa. Por meio do Projeto "Ortografia Sem Limites e Com Prazer", o texto jornalístico é conteúdo básico a ser trabalhado nos 6ºs e 7ºs anos. Eu comecei a usar o jornal desde o início do segundo semestre para auxiliar nas leituras e construção de textos, na tentativa de diminuir o déficit de aprendizagem.
Os textos concisos, as letras garrafais das manchetes e fotos que retratam o cotidiano atraem os alunos para a leitura. No começo, a minha estratégia foi fazê-los discutir o que está escrito. Ao ver que conseguiam, se motivaram a ler mais.

Conheça agora o nosso PROJETO:


Projeto "Ortografia Sem Limites e Com Prazer"


Público alvo:
Alunos dos 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, do turno da manhã, da E.E.F. Dr. Stênio Dantas.

Período:
Setembro a novembro de 2008.

Responsáveis:
Profa. Francisca Nádia Fechine de Andrade,
Prof. Laercio Genuino Mendonça,
Profa. Rafaele Maria Ribeiro Duarte.

Justificativa:

Falar e escrever são formas diferentes de utilizar a língua. Considerando as variações lingüísticas, os vários dialetos, níveis de informalidade e emprego de gírias e regionalismo, sabe-se que a língua escrita ainda obedece aos padrões da norma culta. Qualquer falante da língua é “livre” na oralidade (dependendo das circunstâncias), no entanto, o mesmo não se aplica à linguagem escrita.
Na hora de escrever, há que se respeitarem os padrões cultos e convencionais da língua escrita e para isso faz-se necessário conhecer as normas que regem NORMA CULTA da língua portuguesa. Nós, educadores, somos levados diariamente, quando em sala de aula ou não, a discutir com nossos alunos o uso adequado da escrita, o “politicamente correto”, uma vez que os resultados apresentados nas avaliações têm mostrado desempenhos abaixo do esperado. Fato este que sinaliza para uso inadequado da escrita.
Cabe então, melhorarmos esses índices e um dos vieses dessa mudança, passa pela ortografia.
Daí a sustentação do referido projeto.


Objetivos:

Geral: Melhorar a capacidade de escrita dos alunos do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental

Específicos: Desenvolver no aluno o hábito da escrita; despertar o interesse da descoberta das regras ortográficas e gramaticais de forma prazerosa nos discentes inseridos no projeto; e, buscar ampliar a capacidade dos alunos do Ensino Fundamental de escrever de forma correta, de acordo com a norma culta, sem esquecer da necessidade da presença da linguagem coloquial, também, na nossa língua.

Metodologia: Através da leitura do jornal, a cada semana motivar o aluno a conhecer uma regra ortográfica; aplicar, a cada quinze dias, exercícios de fixação, utilizando-se as regras estudadas; a cada 04 semanas um fórum de discussão, entre discentes e docentes para avaliação do projeto; no dia 28 de novembro, a culminância do projeto, com uma grande gincana, com a participação de autoridades e convidados.

Avaliação: A avaliação acontecerá de forma permanente, tanto oral quanto escrita, a partir de cada regra ortográfica desenvolvida pelos professores em suas respectivas salas de aula.